quarta-feira, 21 de abril de 2021

E dizem que o padre foi um poeta religioso! Será mesmo?



João Luiz da Fraga Loureiro nasceu em 1805, descendente de uma das mais antigas famílias do Espírito Santo, cujos antepassados tinham raiz da fidalguia portuguesa, nasceu na vila da Serra, em 1805, ordenou-se na antiga corte do Império e de volta à província exerceu o seu ministério em diversas paróquias, foi lente de Latim, militou na política tendo em várias legislaturas tomando assento na assembleia provincial. Cego aos sessenta anos, finou-se aos setenta e três anos. Dele se disse que "não houve no seu tempo poeta que gozasse de mais ampla popularidade e ainda hoje, memória que seja tão gratamente recordada como a de Fraga Loureiro". Não foi só um bardo popular, foi um improvisador sem igual nas festas, quer sacras ou profanas, um espírito extremamente galhofeiro, em suma um homem do povo, não obstante, os brasões de sua genealogia que sabendo o quanto valia, jamais quis por a prova a estima de seu mérito. Após o tirocínio eclesiástico jamais deixou o berço provinciano. Tudo quanto produziu resulta de impressões do lar, das ideias e crenças do seu berço, mas por isso mesmo admira que seus primeiros versos dos vinte anos, quanto tão estreita era a compreensão da sociedade do tempo e tão saliente as distinções entre brancos e homens de cor, fidalgos e brasis, já na província, houvesse um poeta reclamando contra tão arbitrária demarcação de órbita das raças e ainda mais - protestando contra as pressões feitas pelos homens do governo contra os seus semelhantes governados. O padre João Luiz faleceu em Vitória a 06/04/1878. Não deixou livro publicado sendo que suas poesias são todas de cunho regional e religioso se encontram esparsas em velhos jornais da antiga província do Espírito Santo. As festas de São Benedito despertavam então, grande interesse na população de Vitória, acirradas disputas e contendas entre duas irmandades rivais ali existentes, ambas tendo como patrono, o mesmo santo franciscano. Os poetas populares atiçavam tal rivalidade compondo versos sobre este teor.



FONTE: Coletânea "Serra em Prosa & Versos - Poetas e Escritores da Serra", organização de Clério José Borges Santa Anna.

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