Nas ruas
antigas, sob a luz dourada do entardecer, caminhava eu, imerso em pensamentos e
melodias que ecoavam do fundo da minha alma. O velho rádio da praça tocava uma
canção que conhecia desde a infância, "Meu Coração", e cada nota parecia
pulsar em sincronia com meu próprio coração.
Meu coração, não
sei por quê,
Bate feliz
quando te vê...
Meus passos
lentos seguiam o ritmo da música, e minha mente vagava para tempos passados,
quando conheci alguém especial. Com olhos que brilhavam como estrelas e um
sorriso capaz de iluminar os dias mais nublados, desde o primeiro encontro,
senti algo inexplicável, uma conexão profunda que me fazia sentir vivo.
E os meus olhos
ficam sorrindo,
E pelas ruas vão
te seguindo,
Mas mesmo assim
foges de mim...
Essa pessoa
sempre foi uma alma livre, difícil de capturar, como uma brisa suave que passa
por entre os dedos. Mesmo com todo meu carinho e dedicação, parecia que ela
sempre escapava. A canção que ouvia agora trazia todas essas memórias de volta,
cada verso uma punhalada doce de saudade.
Ah, se tu
soubesses
Como sou tão
carinhoso
E o muito, muito
que te quero
E como é sincero
o meu amor...
Lembrava das
cartas que escrevi, cheias de palavras de amor, mas que nunca tiveram resposta.
Cada tentativa de me aproximar, cada gesto carinhoso, parecia se perder no
vento. Ainda assim, meu amor nunca diminuiu; ao contrário, parecia crescer com
a distância, alimentado pela esperança e pela lembrança dos momentos
compartilhados.
Eu sei que tu
não fugirias mais de mim...
A música chegava
ao clímax, e meus olhos se encheram de lágrimas. Queria tanto que essa pessoa
soubesse o quanto a amava, o quanto cada batida do meu coração era por ela.
Vem, vem, vem,
vem,
Vem sentir o
calor dos lábios meus
À procura dos
teus...
Olhei ao redor,
a praça começava a se esvaziar, mas minha mente estava repleta de imagens dessa
pessoa especial. As palavras da canção ecoavam em meu peito, um chamado
desesperado para que ela voltasse, para que finalmente encontrasse o caminho de
volta para meus braços.
Vem matar esta
paixão
Que me devora o
coração
E só assim então
serei feliz
Bem feliz...
Enquanto a
última nota da música se dissipava no ar, fechei os olhos e fiz um pedido
silencioso. Talvez, em algum lugar, essa pessoa também estivesse ouvindo aquela
canção, sentindo o mesmo que eu. Talvez, um dia, nossos caminhos se cruzassem
novamente e, finalmente, pudéssemos viver o amor que tanto desejei.
Ao abrir os
olhos, senti uma brisa leve e um raio de sol aquecendo meu rosto. Sorri, com a
esperança renovada de que, não importa quanto tempo leve, um dia meu coração e
o dela bateriam juntos novamente, em perfeita harmonia.
Que bela crônica. Parabéns!
ResponderExcluirEssa crônica é um passeio pela entrelinhas da música. Sensacional!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirLinda de mais!
ResponderExcluirQue venha outras. Muito bom.
ResponderExcluirBela reflexão!
ResponderExcluirFiz uma viagem com essa crônica! Parabéns!
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