quarta-feira, 30 de julho de 2025
Padre Vieira Antônio Vieira - O bom ladrão à luz dos tempos moderno
terça-feira, 29 de julho de 2025
Oscarina e Vitória - Alma e Coração
Este livro é um tributo ao tempo e ao amor, um romance que desenha com delicadeza a trajetória de Oscarina Guimarães, nascida em Vitória, Espírito Santo, no final do século XIX. Suas páginas nos transportam para uma cidade onde o crepúsculo era acolhido pelo brilho suave dos lampiões de querosene e azeite, cujas luzes tremeluzentes transformavam as ruas em cenários de poesia e mistério.
E então, em sua plenitude juvenil, ela partiu. Um adeus precoce, mas cheio de significados.
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terça-feira, 17 de junho de 2025
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Crônica – “Cálice: um brinde amargo ao silêncio”
Na
mesa de um país que já serviu banquetes de esperança, hoje se ergue um cálice
amargo, cheio até a borda de silêncio coagulado. A voz pede, em súplica: “Pai,
afasta de mim esse cálice”, mas não há pai que ouça — ou se ouve, finge não
entender a língua do sangue. O vinho tinto que escorre pelas letras de Chico e
Gil não embriaga: envenena. Não é uva, é luto. Não é ritual, é resistência.
O
silêncio, esse tirano sem rosto, ainda ronda as esquinas. Tão moderno quanto
ontem. Tão perigoso quanto sempre. E o grito, engasgado na garganta do poeta,
ecoa em quem ainda ousa sentir. Não é apenas uma canção: é uma confissão
pública de cansaço e coragem. Cada verso é um tiro contra a mordaça. Cada rima,
uma ferida aberta no peito da História.
É
difícil acordar calado quando o pesadelo não termina ao abrir os olhos. E o
monstro, sim, ele ainda rasteja por aí — agora com roupa nova e discurso
ensaiado. Mas há quem, mesmo atordoado, permaneça atento. E resista. Porque há
dias em que cantar é a única maneira de não se calar. E cálice também pode ser
escrito assim: cale-se. Mas o Brasil, mesmo sufocado, ainda prefere dizer:
cante-se.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
O bêbado, a lua e o Brasil
Caía
a tarde como quem desiste, e no meio do cenário, um bêbado — de luto e poesia —
fazia reverência à noite. Não por educação, mas por desespero. A lua, senhora
dos becos e dos sonhos, mendigava luz às estrelas. E o céu, feito papel sujo,
chorava em silêncio.
Ali,
no tropicar de um chapéu-coco, estava o retrato do Brasil: um palhaço triste,
equilibrando esperança na corda bamba. Um país que sonha com a volta dos que
partiram e chora pelos que ficaram. Mas mesmo assim — machucada, cansada — a
esperança dança. Porque o show, por amor ou teimosia, tem que continuar.
Como escrever bem: conselhos de alguns mortos ilustres
Vivemos num mundo saturado de escritores — ou pelo menos de gente digitando furiosamente em cafés, com a testa franzida, fingindo que cria uma obra-prima. Alguns, generosos ou incautos, me pedem opinião. Leio o texto, penso em Flaubert e seu desespero por uma palavra exata. Penso também em fugir para o mato. Mas não fujo. Dou conselhos. E, como não quero parecer um oráculo, deixo que os clássicos falem por mim. Eles erraram antes de nós — e escreveram coisas boas mesmo assim.
Então
aqui vão alguns conselhos de grandes escritores do passado, com comentários
meus entre uma linha e outra. Pegue um café (sem wi-fi) e siga comigo.
1.
“Não há livro tão ruim que não tenha algo de bom.” — Cervantes
Sim,
até aquele seu conto confuso pode conter uma frase salvável. Cervantes, o pai
de Dom Quixote, sabia que até nos devaneios há beleza. O segredo é saber o que
merece ficar — e o que precisa sair com um empurrão delicado. Nem todo moinho é
gigante, nem todo parágrafo é literatura.
2.
“Se você pode contar uma história sem dizer que alguém está triste, faça isso.”
— Tchekhov
Tchekhov
era o mestre do subentendido. Ele confiava no leitor. Não dizia “ele estava
triste”, mas fazia chover, deixava o cigarro apagar entre os dedos do
personagem. Mostre, não diga. Respeite a inteligência de quem lê — e economize
adjetivos.
3.
“Seja regular e ordeiro na sua vida, para que você possa ser violento e
original na sua obra.” — Flaubert
Gustave
Flaubert, o chato genial, passava dias escolhendo uma palavra. Reescrevia
obsessivamente. E dizia que, para escrever com fogo, era preciso viver com
disciplina. Nada de esperar a inspiração como se fosse uma pomba divina:
sente-se, escreva e revise. E de novo. E mais uma vez.
4.
“Não há barreira, fechadura ou ferrolho que você possa impor à liberdade da
minha mente.” — Virginia Woolf
Escrever
é, antes de tudo, ousar. É abrir a cabeça como se fosse uma janela numa noite
sufocante. Woolf nos ensina que a literatura verdadeira não nasce do que é
permitido — mas do que é necessário. Escreva o que precisa ser dito, mesmo que
ninguém peça. Especialmente se ninguém pedir.
5.
“A primeira versão de tudo é uma porcaria.” — Hemingway
Honesto
como sempre, Hemingway nos lembra de que não existe milagre: só trabalho. A
primeira versão é um esboço, um grunhido literário. O que vem depois — com
corte, suor e um pouco de vinho — é que talvez se aproxime de um texto decente.
Mas primeiro… escreva. Depois, escreva melhor.
6.
“A poesia é o eco da melodia do universo no coração dos humanos.” — Tagore
Quer
escrever bonito? Ouça a música das palavras. Não precisa rimar, mas precisa
soar. Um bom texto tem ritmo, como uma respiração calma ou um trote de cavalo
leve. E tem silêncio também. Pontuação é partitura. Leia em voz alta: se
parecer tosco, provavelmente é.
7.
“A vida é curta demais para ler livros ruins.” — Schopenhauer (ou quase ele)
Se
o velho Schopenhauer tivesse um e-reader, teria deletado metade da biblioteca
com raiva. E talvez tenha razão. Então, escreva como se alguém estivesse
prestes a abandonar seu livro na página 12. Conquiste rápido. Prenda. Não abuse
da paciência alheia — a fila de leitura é longa, e o tempo curto.
Em
resumo:
Escrever
bem não tem fórmula, mas tem pegada. E tem humildade. Os grandes sabiam disso.
Sofriam, revisavam, duvidavam — e ainda assim deixaram páginas que atravessaram
séculos. Ouça-os. E ouça você mesmo. Se o texto soar falso, talvez esteja. Se
estiver verdadeiro, siga. Se não sabe, reescreva.
Mas,
antes de tudo, ouse começar. Porque, como dizia Horácio — aquele outro, o
romano, não o dinossauro:
“Sapere
aude.”
Ouse
saber.